
O segundo dia no Salar Uyuni começou bem de madrugada. Para trás tínhamos deixado o esplendor do deserto do sal, com o seu branco a perder de vista. A noite no hotel de sal foi calma, e nem as condições precárias impediram que o cansaço de dois dias sem uma cama onde dormir, resultante de 11 horas num autocarro e outras tantas num jipe, se abatesse sobre nós – podem ler mais sobre o primeiro dia clicando aqui. Depois de tomar o pequeno almoço – relativamente variado e farto – e já com as mochilas em cima do jipe, o sol a romper timidamente no horizonte, um frio que corroía o corpo até aos ossos e ainda meio ensonados, lá voltámos à estrada para mais 5 horas de viagem.
Sabíamos que este, o segundo dia, seria o dos magníficos lagos, dos míticos flamingos e de um deserto bem diferente do dia anterior, de cores quentes e grandes contrastes, onde o branco já não habitava. Mas a verdade é que não podia imaginar a beleza de tudo o que viria a conhecer naquele dia no Altiplano boliviano.
A primeira paragem deste segundo dia pelo Uyuni foi numa zona onde podíamos observar perfeitamente o Vulcão Ollague, ainda activo e localizado na fronteira entre a Bolívia e o Chile. A diferença da paisagem tornou-se clara logo durante a viagem de jipe: os tons terra dominam, o terreno passou a ser irregular e as grandes montanhas e vulcões vão pontuando cada vez mais a paisagem.
A Laguna Hedionda (traduzindo, “lagoa fedorenta”) foi a segunda paragem do dia. Localizada a uma altura que supera os 4000 metros e com um impressionante vulcão como pano de fundo. Para além da paisagem de tirar o fôlego, os flamingos de plumagem rosa forte são uma das principais atracções desta lagoa, onde se vêem dezenas deles a circular em bandos e a grasnar em coro – o que resulta num autêntico espectáculo natural. O almoço é feito por ali, depois de muitas fotografias e com a lagoa como cenário.
De regresso ao jipe, segue-se pelo deserto adentro, um muito diferente do que conhecemos no primeiro dia pelo Salar Uyuni: é que agora estamos no deserto de Siloli, um dos mais áridos do mundo e famoso pelas suas formações rochosas, que são moldadas pelos ventos fortes da região e adquirem formas insólitas. A paragem seguinte é a mais conhecida de todas, a Árbol de Piedra – uma formação rochosa que o vento transformou em árvore e que se encontra perdida no meio do deserto. A paisagem, essa, de tão bela parece irreal, com cores secas características de um deserto mas onde até os verdes e vermelhos têm lugar.
E como se este segundo dia pelo Uyuni já não tivesse impressionado o suficiente, a última paragem foi o corolário de um dia em que a natureza mostrou todas as suas cores: a Laguna Colorada, conhecida pelas suas águas de cor vermelha. Consequência de algumas algas que habitam o lago, a pigmentação vermelha das águas contrasta com o lívido branco das pequenas ilhas que pontuam a paisagem, que adquirem essa coloração devido à grande concentração de bórax na superfície do lago. A paragem aqui é demorada e deu tempo para tudo: fotografar e finalmente nos aproximarmos dos lamas e alpacas – que ainda hoje não sei distinguir) -, apreciarmos a paisagem e voltarmos a ver os bandos de flamingos.
O dia terminou não muito longe daqui, numa casa com vários dormitórios (um para cada grupo), instalações mais precárias que na noite anterior e comida mais simples e não tão abundante. Ainda assim, o cansaço voltou a levar o melhor de nós – e adormecemos com a certeza de que nada que nos surgisse em sonhos poderia superar o que vimos naquele dia.
Que lugar incrível… Eu adoro cidades (têm um encanto especial para mim, especialmente as mais modernas, toda toda a agitação e emoção que as envolve), mas sem dúvida que a natureza é aquilo que mais emoções me transmite, e mais pasmada me deixa. Esse nosso mundo é extraordinário, não é? O Salar de Uyuni terá uma visita minha, quero-me maravilhar com essas paisagens ao vivo 🙂
Acho que fazes muito bem, vais adorar! Percebo a tua adoração por cidades, também gosto de as conhecer porque têm personalidade muito própria, que reflecte sempre quem lá vive. Mas nos últimos tempos ando mesmo numa de conhecer o que de melhor a natureza tem para nos dar – e o Salar Uyuni deixou-me encantada!
Oh Ana, com as tuas descrições e fotografias fazes-me viajar mesmo sem sair do lugar!
Que maravilha!
Ainda bem, porque objectivo é mesmo esse :))
Que fotos magnificas!
Obrigada Ana!
Conheço pouco dessa região da Bolivia. Mas agora despertou aquele interesse e com certeza vai estar na nossa lista de desejos.
É uma zona lindíssima, vale a pena conhecer 🙂
realmente a beleza do salar é indescritível, é com certeza um dos lugares mais lindos que já conheci, ainda quero voltar e fazer o passeio até San Pedro, tenho muitas saudades desse lugar mágico!
Eu também, adorei mesmo San Pedro e ainda vou voltar ao Chile para fazer o país todo de uma ponta à outra :
Espero que nos próximos dois anos volte à américa do sul mas o que “escolher”…Bolívia ? Nicarágua? Guatemala? Peru ? Colômbia… brbrbrbrbrb
É verdade! É complicado. A vontade é tirar um ano inteiro e fazer de Norte a Sul, haha!
Eu gosto imensamente dessas paisagens áridas, infinitas que parecem monótonas, mas em verdade são poderosas e despertam múltiplos sentimentos em mim. Além do mais, as paisagens são extraordinariamente bonitas, não?! Até compensam as condições precárias do total do passeio né?! rsrs
Eu só conheço esta região boliviana por imagens e textos de outros viajantes – sempre muito impressionantes e impactantes – mas conheço o Atacama que me emocionou enormemente! Suponho que sentimentos semelhantes me despertarão quando estiver por estas bandas. 🙂 Belíssimas fotos, delicioso relato.
Concordo totalmente! São mesmo paisagens que criam impacto. E também adorei o Atacama, até espero lá voltar!
Desejei ir para o salar do Uyuni anos atrás, mas a viagem seria cansativa demais naquela época. No entanto, você me fez ter muitas dúvidas… Eu achava que o salar era composto apenas pelo deserto branco… Óbvio que é lindo, mas eu não sabia que tbem tinha tanta beleza e cores em Uyuni…
Adpeei saber!
O roteiro pelo Uyuni passa por várias paisagens diferentes que nos deixam completamente deslumbrados. Vale muito a pena conhecer mesmo!
Ana, as fotos estão incríveis, como são sempre as do Uyni e Atacama, mas gostei especialmente de seu relato. Fiquei curiosa pra saber se a Lagoa Fedorenta merece o nome, mas acho que não, né, afinal vocês almoçaram por ali… Parabéns pelo post!
Obrigada Marcia!
A beleza desse lugar é inexplicável! Sou doida pra conhecer o salar e espero realizar esse sonho ainda esse ano! Cada coisa que leio e vejo sobre o local me deixa ainda com mais vontade de ir, e com esse post não foi diferente! Estou convencida de que vale todo o esforço e noite mal dormida pra se chegar nesse lugar incrível!
Sem dúvida que vale, são experiências que jamais uma pessoa esquece 🙂
Essas paisagens parecem mesmo irreais! Que viagem maravilhosa!
E confesso que adoro ver animais por aí… mesmo em fotos, já achei lindo.
Obrigado por compartilhar!
É mesmo, os animais simplesmente completam o postal haha!
Que saudades deste lugar, que vista maravilhosa! Vocês pegaram um dia lindo, céu azul, adorei! E quantos flamingos… lindo. 😀
Sou louco para conhecer o Uyuni. Esse reflexo do céu no chão é espetacular. Adorei as dicas.
ai meodeoss quantas lhaminhas lindas e gordiiinhas nessas fotos!!! quando fui so vi um guanaco medroso e varios flamingos ahuehaeu eu adorei toda a viagem do uyuni, umas das melhores experiencias da minha vida!